1.4.06

Capítulo das perguntas - nº 7

Por que dói tanto?

Os ombros nem se movem, curvados pra frente, ensaiando uma queda definitiva.
A garganta, reclama da obrigação da falar. Vingança. Som monocromático, linear, inseguro, vazio.
O peito engessado não se enche de ar. Não tem espaço pra expandir, represando sentimentos como uma esponja.
Os olhos ardem e não choram. Logo vertem areia pelo rosto, eternemente sonolento.
O ventre se rebela. Não é hora. Suspiros contidos pelo aprendizado social de não reclamar e obedecer às regras. As minhas, costumeiramente estéreis.
As pernas me suportam sem reclamar. Mas imprimem uma falta de impulso e vivacidade.

Braços cansados, jurando uma bandeira que não me serve.
O cérebro vagueia, sem vontades.

É pra se suportar e calar?

Eu sei, lembro bem...
Disse que não ia me apaixonar.
Agora acho que não tenho escolha.

3 comentários:

Anônimo disse...

Não há calor que termine com o calar...
Não torpor que derreie o querer e amar.
O corpo apenas responde nossos desejos, nossos ensejos, nossas vontades desbragadas e largadas num canto qualquer que muitos chamam de coração.
Boa sorte...

Como diria o Vinícius em "A anunciação"

Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...”

Anônimo disse...

CORRIGINDO

Não há calor que termine com o calar...
Nem torpor que derreie o querer e amar.
O corpo apenas responde nossos desejos, nossos ensejos, nossas vontades desbragadas e largadas num canto qualquer que muitos chamam de coração.
Boa sorte...

Como diria o Vinícius em "A anunciação"

Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...”

Anônimo disse...

Ah, velho Schopenhauer, por que tanta dor? Talvez o velho voluntarista Sartre tenha razão: escolhamos a liberdade de ser, sem medo. Não sei se devo ajudar alguém a atravessar a ponte, cercada de neblina, oxidada pelo tempo, fria e misteriosa.
Por que tanto desejar, desejar, desejar e desejar? Tudo é tão simples. E agora tenho a certeza, vou arriscar.

Te quero, Márcia.



Geraldo Magela Matias