27.10.07

Bandeiras, batons e um cobertor lilás

Sou mulher, mãe, esposa. Atriz de palco e de vida.

Desde menina vi plenárias, discursos, sonhos vestidos de moções, bandeiras surradas levadas de mão em mão. Ouvia histórias de um pano lilás, mas ainda não era tempo de entender que aquela luta era tão minha...

Então cresci. Descobri o estudo, o emprego, o sub-emprego, o desemprego. Enquanto o leite secava preguei botões, serzi joelhos e risquei uns desenhos em troca do feijão.
Tanta madrugada em claro, tanto choro escondido, tanta solidão que eu nem percebia o imenso cobertor lilás que me mantinha aquecida.

Uma noite, depois de um pesadelo, descobri que eu não estava sozinha. Muitas, como eu, dividiam cantinhos da coberta esperando pela hora de acordar.

Eu acordei. Abri bem as janelas e deixei o Sol entrar. Seu calor imenso me obrigou a sair e ver muitos rostos iguais ao meu, que sorriam. Curiosa, quase ofuscada pelo brilho do Sol, fui atrás e entendi os sorrisos de tantos batons: elas carregam bandeiras!

Nestes novos tempos, longe do mofo, reaprendi a amar. Meus carinhos de mãe são mais presentes, meus suspiros de mulher são mais sinceros, porque me amo por inteiro.

Hoje me filiei ao PCdoB.

Hoje sorrio também.